h3.post-title {text-align: center; Marescer

A ilha desconhecida


Li O Conto da Ilha Desconhecida de Samarago e, meu Deus, que livro!


"(...) é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós."

 

Acredito que cada leitor irá dar um sentido para esse livro a partir de seu olhar, de sua vida, de seu mundo. Eu mesma ainda acho difícil formular ideias concisas diante dessa obra.

O livro de Saramago é curto e com poucos personagens: um homem que queria um barco, um rei, o primeiro secretário, segundo secretário, primeiro ajudante, segundo ajudante etc. e a mulher da limpeza.

Os personagens principais são o homem que queria um barco e a mulher da limpeza, mas gosto da construção da figura do rei que era antipático a seu povo, assim como todo o sua corte que não se responsabilizava ou se importava pelas preces do reino.


"A ti, rei, só te interessam as ilhas conhecidas."

 

Essa frase me lembrou sobre quando nos interessa apenas nossas zonas de conforto, não arriscamos em busca do desconhecido.

A narrativa é rápida e envolvente, com parágrafos longos e pouca sinalização das falas dos personagens, característico da escrita de Saramago.

Voltando ao homem e a mulher (posteriormente assim chamados, esse livro é uma delícia). O homem queria um barco para conhecer a ilha desconhecida.


"(...) quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou eu quando nela estiver."

 

Ele ansiava em conhecer a ilha desconhecida, estava obstinado a isso, mas não sabia navegar e no meio do caminho vieram-lhe vários obstáculos a essa jornada.

A mulher é a minha personagem favorita nessa narrativa, a sua perspectiva, a sua apreciação e liberdade na jornada não apenas no destino, diferente do homem que aparentava-me pensar apenas no objetivo (apesar de ter dado o primeiro passo, que é grande feito).

No final... A Ilha desconhecida... Meu Deus!!! Me tirou totalmente o fôlego! O que é a ilha desconhecida para você?

A Ilha desconhecida para mim é descobrir na jornada um lugar para explorar, não só no destino, mas no processo, não só na chegada, no aqui e agora, abrir os olhos e enxergar nossa ilha desconhecida e explorá-la como sentimos.

o que seus olhos veem?

Esses dias retornei a exposição audiovisual imersiva "Ontem choveu no futuro" de Batman Zavareze, no Museu do Som e da Imagem do Ceará, e uma frase me chamou atenção: "feche seus olhos. Que outras imagens você escuta?" Está bem, talvez a colocação não foi exatamente assim, mas o artista brinca com os sentidos, como assim escutar imagens ou ver imagens com os olhos fechados? A verdade é que estamos tão absortos no que apenas está a nossa frente que perdermos a oportunidade de explorar cores mais brilhantes e padrões diferentes.

Hoje registrei uma foto (sem filtro), ela não tem nada demais, apenas os mesmos objetos que vejo todos os dias, alguns livros e roupas, mas achei que as cores lindas hoje com um pouco de sol batendo assim, para perceber isso, claro, eu precisei parar. Eu poderia passar por esse lugar várias vezes pela correria do dia e não notar nada além do ordinário, mas hoje eu resolvi ver beleza também no ordinário, e isso é extraordinário. Não é fácil. Não é fácil aquietar. Ainda mais quando tudo (e todos) parece se rebelar contra a quietude. Mas só hoje quero te desafiar a apreciar cada sentido: observe as cores com seus olhos, veja beleza no ordinário (registre o que te chamar atenção), saboreie o seu jantar, sentindo cada gosto, respire, escute, escute, o que você vê? Se quiser compartilhar sua experiência, deixa seu comentário ou me chama para um café, vou adorar discutir com você como você vê a vida.

Com muito amor, Mari.

sobre felicidade

Já escrevi alguns textos aqui sobre felicidade (leia aqui <3) e eis que venho falar dela de novo. Relendo os textos já escritos percebo o quanto venho mudando. E, ultimamente, tenho me deparado com várias coisas que me levam a refletir sobre felicidade. Uma conversa com amigos, uma cena de um filme, uma música, um videoclipe.

Estava conversando com minhas amigas à beira-mar sobre felicidade e nos perguntamos: "Somos felizes?" e chegamos a breve conclusão que temos momentos de felicidade. Essa conversa me lembrou de uma cena de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022), onde alguém acho que Wanda pergunta ao mago se ele é feliz, e o questionamento o leva a reflexão.

Será que ser feliz é uma escolha? É uma decisão que tomamos a cada dia? "Hoje vou ser feliz.". Será que todos podem seguir essa escolha?

Recentemente o astro pop sul-coreano Psy, fez seu comeback e uma das novas faixas é titulada Happier com feat. de Crush, um cantor sul-coreano que gosto, logo fui escutar a música. e fui surpreendida pela emoção da letra e do videoclipe.

"I wanna be happier", 

A letra da música diz "Eu quero ser mais feliz.", enquanto o videoclipe nos mostra uma animação que retrata a vida de um homem desde a sua infância e seu anseio pela felicidade, retratada por uma bola amarela brilhante (imagem em destaque na postagem). Na animação, essa busca é em vão, pois facilmente ele se distrai com sucesso e padrões sociais, por exemplo.

Isso me fez refletir sobre como estamos tratando a felicidade em nossas vidas, estamos em uma corrida em vão? Estamos nos distraindo por demais no caminho? Eu não quero desperdiçar. Eu não quero me distrair. Eu não quero viver uma vida para os outros. Quero viver para mim. Quero doar para os outros. Quero saber quem eu sou. O que mais faz feliz. Fazer mais o que me faz feliz. Ser feliz. Construir felicidade.

reflexão e spoiler do novo filme do Doutor Estranho


No último sábado (14) fui ao cinema assistir o novo filme do universo da Marvel, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022). Fui assistir o filme com poucas expectativas, acho que não tinha assistido nada da Marvel desde Vingadores: Ultimato (2019). Minha irmã tinha ido assistir na última semana e ficou bem satisfeita com o filme. Na sexta (13), aniversário de meu primo, ele me pediu de presente ir assistir o filme do Doutor Estranho. Então, fui. Levei meus primos e minha irmã também foi reassistir.

Eu não estava de bom o humor, mas o filme realmente me cativou. Não vou falar aqui de nada técnico, nem nerd, até porque sou leiga no assunto hehe, mas uma coisa me chamou atenção no longa: a construção de Wanda.

Vemos uma Feiticeira Escarlate dominada pelo darkhold - um artefato perigoso que corrompe a alma de quem usa. O que gostei de ver foi a personagem relutando com essa dominação. Eu não lembro bem a palavra que ela usou para descrever suas ações iniciais no filme - razoável? Ela disse que estava sendo razoável. Isso porque ainda existia uma parte dela que não queria sucumbir ao darkhold.

Isso me levou a refletir: em quem nos tornamos quando perdemos tudo? O que acontece com a nossa alma? (E aqui estou refletindo a partir da construção da personagem discutida). A perda levou a Wanda a corromper sua alma e ainda destruir pessoas em seu caminho. Mas a primeira coisa que ela perdeu no luto foi a si mesma.

Uma das cenas que mais me arrepiou no filme foi justamente o retrato da Wanda presa em escombros em sua mente. E quantos de nós estamos assim? Perdidos em escombros em nossa própria mente? Presos. Pela perda. Pela dor. Nossa alma já corrompida mas não conseguimos nos libertar?

Outra cena digna de emoção foi a redenção da Feiticeira Escarlate, quando a sua versão de outro universo a acalenta. Nossa, esse plot falou muito comigo! Espero que um dia eu consiga perceber o apoio de alguma versão de mim, mais jovem ou mais velha. Eu sei que existe. Só estou um pouco perdida para perceber. E espero receber a ajuda certa para me ajudar retirar os escombros e eu possa me libertar,

"Só porque você tropeça e se perde, não significa que você se perde para sempre."
Acho que foi o Professor Xavier (de algum universo) que disse no filme.
 

aprendendo a me amar


Como falei no texto da postagem anterior, estou passando por uma mudança - será que é devido a idade? - e que está difícil aceitar, cuidar, amar a minha nova versão, ser fiel as meus sentimentos e emoções.

Ainda no Pinterest, me deparei com outro quote "she became the love she searched for" (ela se tornou o amor que ela estava procurando).

Sabe nos contos de fadas ou nos filmes de romance quando a princesa ou a mocinha está em um momento de clímax, que não sabemos o que vai acontecer, quem irá salvá-la, defendê-la, resgatá-la. Talvez uma parte de mim espere que algum "príncipe encantado" me encontre e me salve de mim mesma e cuide de mim. Mas tem uma parte que deseja que eu seja essa pessoa. A pessoa que vai lutar por mim, a pessoa que vai me proteger, a pessoa que vai cuidar de mim, que vai me ajudar a cuidar dos ferimentos, vai me esperar sarar, vai me amar, eu mesma.

Eu quero me apaixonar por quem eu sou, por quem estou me tornando. Eu quero me amar. Eu quero me conhecer. Me apaixonar pela minha versão que está errando, que está tentando. Eu quero cuidar de mim. Eu quero ser a primeira a me defender e estar comigo.

No momento que escrevo este texto, escuto "Love Myself" do BTS, exatamente na parte que eles entoam "I am learning how to love myself" (Eu estou aprendendo a me amar). E acho que neste momento, estou realmente aprendendo a me amar.


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